terça-feira, 5 de agosto de 2025
Mulheres que Ensaboam Palavras: Quando o Rio Vira Tela e as Mãos Contam Histórias.
Nas margens do Rio Jaguaribe, no
sertão do Ceará, vivem mulheres que fizeram poesia com as mãos e sabão. São as
lavadeiras, figuras que há gerações compartilham, entre cantos e silêncios, a
força de um gesto ancestral: lavar roupas, lavar histórias, lavar o tempo.
É sobre elas o longa “Mulheres
que Ensaboam Palavras”, uma produção de Rizoma Produções Artísticas, Alquimia
da Palavra, Costureiras de Histórias e InCartaz, com direção de Tâmara Bezerra
e Marcelo Paes de Carvalho. O filme percorre sete cidades cearenses: Orós,
Iguatu, Jucás, Cariús, Quixelô, Tarrafas e Antonina do Norte para recolher
memórias que escorrem como água sobre a pedra.
Na viagem de reconhecimento
realizada meses atrás pela equipe do filme, Marcelo Paes de Carvalho, um dos
diretores, relata que teve real dimensão da força que essas mulheres tinham.
“Elas claramente sentiam-se importantes por estarem sendo escutadas, invisibilizadas
a vida inteira, mas a verdade é que as nossas vidas é que estavam sendo tocadas
por aquelas histórias contadas por senhoras de cabelo branco e mãos calejadas
pelos anos exercendo o ofício de lavadeiras na beira do Rio Jaguaribe” conta o
diretor.
O diretor ainda acrescenta sobre
a realização em produzir o filme: “para nós, equipe, é uma honra eternizar
histórias dessas mulheres que, a cada peça de roupa ‘quarada’ ao sol, ajudaram
inconscientemente a construir a nossa identidade brasileira.” Mais que um
documentário, é um mergulho. As imagens lavam a alma. Os sons são de pedra e de
voz. A trilha vem do trabalho: pano torcido, mãos em compasso, sabão em espuma
e cantos entre uma história e outra. Cada mulher filmada carrega consigo um
mundo.
Em agosto de 2025, esse mundo
retorna para casa. O filme será exibido em praças públicas das cidades onde
nasceu, a céu aberto, como quem estende panos no varal. A partir do dia 18, as
lavadeiras se verão pela primeira vez no cinema. Sim, pela primeira vez: das 22
entrevistadas, apenas uma já tinha ido ao cinema.
A devolutiva será também um ato
de encontro. Um novo corte será criado com esses momentos: lavadeiras
assistindo a si mesmas em uma tela gigante de cinema. Um espelho em movimento,
onde memória, afeto e pertencimento se cruzam.
“Mulheres que Ensaboam Palavras”
é um canto coletivo. Um retrato vivo da oralidade feminina do sertão. Uma
celebração à sabedoria que se transmite com o corpo, com o gesto, com a terra e
com a água.
Este projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, com recursos do Governo
do Estado do Ceará, reforçando o compromisso com o fomento à cultura, à memória
popular e às vozes do Brasil profundo.
Serviço — Exibição do
filme “Mulheres que Ensaboam Palavras” nas comunidades
●
19/08 – Antonina
do Norte
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20/08 – Jucás
●
21/08 – Iguatu e
Quixelô
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22/08 – Saboeiro
●
23/08 – Orós
●
24/08 – Tarrafas
FICHA TÉCNICA
Realização
Alquimia da Palavra
Costureiras de Histórias
InCartaz
Rizoma Produções
Artísticas
Direção
Marcelo Paes de Carvalho
Tamara Bezerra
Assistência de direção e de Produção
Deborah Belator
Fotografia e Roteiro
Júlio Bezerra Coelho
Assistência de Fotografia
Pablo Garcia
Som
Geíza Oliveira
Produção Executiva
Jeferson Vieira
Marcelo Paes de Carvalho
Tamara Bezerra
Produção local (Iguatu, Quixelô, Jucas)
Carle Rodrigues
Camila Barbosa
Consultoria Literária
Artur Andrade
Pesquisadoras e Entrevistadoras
Carle Rodrigues
Camila Barbosa
Elzilene Nóbrega
Tamara Bezerra
Motorista
Ricardo Rocha
Logger e Montagem
Rafasel Ferreira
Daniel Correia
Comunicação
Letícia Holanda
Jessica Eusébio
Controller
Dani Portela
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